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Custo Brasil tem consumo de R$ 1,7 trilhão anualmente

O “Custo Brasil”, que abrange entraves estruturais, burocráticos, logísticos e tributários, encarece a produção e a prestação de serviços no país, impactando negativamente a competitividade das empresas brasileiras em relação a concorrentes internacionais. Segundo estimativas do Movimento Brasil Competitivo e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), esses obstáculos representam um custo adicional de aproximadamente R$ 1,7 trilhão por ano, valor que as empresas nacionais precisam gastar a mais para manter suas atividades e levar produtos ao mercado em comparação com empresas de países desenvolvidos.

“Essas ineficiências, que são equivalentes a quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB), dificultam a inserção no exterior dos produtos brasileiros”, diz José Roberto Colnaghi,  presidente do Conselho de Administração da Colpar Brasil, grupo que atua em diversos segmentos industriais e do agronegócio. “Os empresários brasileiros enfrentam desafios adicionais que dificultam sua competitividade em relação aos concorrentes”, comparou Colnaghi.

Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com mais de mil empresários industriais de todo país, revela que 70% dos entrevistados consideram a carga tributária o maior vilão do Custo Brasil. Outros entraves incluem dificuldades na contratação de mão de obra qualificada (62%), financiamento de negócios (27%) e segurança jurídica/regulatória (24%). A pesquisa também revela que 77% dos empresários acreditam que o Custo Brasil aumenta os preços finais pagos pelos consumidores. 

O atual sistema tributário brasileiro é considerado um dos mais complexos do mundo. A burocracia para cumprir obrigações acessórias e a sobreposição de tributos em diferentes níveis de governo aumentam a incerteza e o risco de litígios, elevando o gasto jurídico. “Felizmente, com a entrada em vigor da Reforma Tributária este cenário deve mudar nos próximos anos”, acredita José Roberto Colnaghi, ressaltando, porém, que a reforma só estará completamente implementada em 2033.

Outro peso importante é a contratação de mão de obra, com encargos trabalhistas elevados e regras pouco flexíveis, o que limita a produtividade e encarece a folha salarial. A falta de qualificação profissional em diversos setores amplia o problema: muitas empresas relatam dificuldade em encontrar trabalhadores com as competências necessárias para operar novas tecnologias e processos.

O termo Custo Brasil é antigo, foi cunhado nos anos 1990, mas até hoje tem impacto forte e crescente, na percepção dos empresários ouvidos pela pesquisa da CNI. Para 64% dos entrevistados, o impacto do Custo Brasil cresceu nos últimos três anos, refletindo no aumento nos preços. Portanto, 78% deles acreditam que reduzir o Custo Brasil é prioridade estratégica para as empresas.

Os efeitos do Custo Brasil se espalham por toda a economia. Produtos e serviços ficam mais caros para o consumidor, enquanto as empresas perdem margem de lucro e capacidade de investir. “A competitividade internacional diminui, pois é mais difícil exportar quando o preço final de um produto brasileiro incorpora despesas que poderiam ser evitadas”, pondera José Roberto Colnaghi. O impacto no emprego também é direto: recursos que poderiam ser aplicados em inovação, expansão e novas contratações acabam direcionados a pagar impostos, advogados ou fretes mais caros.

Para enfrentar esses entraves, o governo federal criou um Grupo de Trabalho de Redução do Custo Brasil e um observatório dedicado a monitorar indicadores e políticas públicas que atacam essas ineficiências. O desafio é de longo prazo e envolve a necessidade de enfrentar interesses de setores que se beneficiam da complexidade atual. Além disso, é fundamental mobilizar recursos para grandes obras de infraestrutura e garantir a estabilidade política necessária para implementar mudanças que podem levar anos para apresentar resultados.

“Enquanto essas reformas não avançam de maneira consistente, o Custo Brasil continuará representando um peso bilionário, que encarece o produto nacional e limita a capacidade de crescimento sustentável da economia”, adverte José Roberto Colnaghi.