Viver no piloto automático amplia sensação de isolamento
Na pressa de cumprir agendas, prazos e responsabilidades, muitas pessoas acabam vivendo no chamado "piloto automático": cumprem rotinas, interagem e até tomam decisões sem realmente perceber o que estão fazendo. Embora comum, esse comportamento pode afetar a saúde mental e aumentar a sensação de isolamento.
Um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido do Nubank, indicou que os brasileiros passam 74% da vida adulta ocupados com atividades essenciais e responsabilidades, o que equivale a 43 anos. Do total de tempo, cerca de 30% é destinado ao sono, 23% ao trabalho remunerado e 15% aos cuidados com a casa e a família. Já os deslocamentos, como no trânsito ou em transportes públicos, consomem 7% da vida.
Esse excesso de atividades obrigatórias ajuda a explicar por que tantas pessoas entram no modo automático, cumprindo tarefas sem se dar conta do presente e deixando pouco espaço para experiências conscientes e relações significativas.
Sara Cândida (CRP 06/ 125833), profissional da área de psicologia do AmorSaúde, explica que estar no piloto automático significa deixar que a vida seja conduzida de forma mecânica, sem atenção plena ao momento presente. "O indivíduo passa a agir como se estivesse preso a padrões já estabelecidos, sem perceber as próprias emoções. Muitas vezes fica enredado em pensamentos sobre o passado ou preocupado demais com o futuro, perdendo contato com o agora. Esse distanciamento pode levar a um grande desgaste emocional e até ao agravamento de transtornos mentais", explica.
De acordo com Sara, a ansiedade é um dos principais sinais desse processo. "Etimologicamente, o termo ansiedade vem do grego e significa ‘estrangular, sufocar, oprimir’. Em níveis moderados, ela pode até ser adaptativa, mas, quando ultrapassa os limites, causa sofrimento. Muitas pessoas nesse estado acabam desenvolvendo crises de pânico, fobia social ou estresse pós-traumático, o que exige atenção e, muitas vezes, acompanhamento profissional", ressalta.
Relações enfraquecidas e sensação de isolamento
Um dos efeitos mais preocupantes do piloto automático é o impacto nas relações humanas. "As interações se tornam superficiais e a empatia diminui. A pessoa pode estar cercada por familiares, amigos ou colegas, mas ainda assim se sentir sozinha. Isso porque não existe conexão emocional real, apenas a repetição de comportamentos", observa a psicóloga.
A profissional explica que essa desconexão também se manifesta no ambiente de trabalho. "O indivíduo faz apenas o mínimo necessário, evita conflitos e conversa de forma robotizada. As interações se tornam excessivamente objetivas, sem expressão emocional, e isso compromete o trabalho em equipe. Para os colegas, a pessoa pode parecer indiferente ou distante", completa.
Sinais de alerta no dia a dia
Identificar quando alguém está vivendo no piloto automático exige atenção às mudanças de comportamento. Entre os sinais apontados por Sara estão:
- Explosões emocionais diante de pequenas situações.
- Falta de paciência e distanciamento afetivo.
- Dificuldade de escuta e conversas que viram monólogos.
- Uso frequente de ironia ou sarcasmo.
- Frieza ou indiferença em momentos significativos.
- Diminuição do entusiasmo no trabalho e falta de engajamento.
- Sensação de estar "anestesiado", sem reconhecer as próprias emoções.
"Muitas vezes, a pessoa só percebe o quanto está desconectada quando o corpo manifesta sinais de adoecimento. Por isso é tão importante ficar atento a esses indícios no dia a dia", orienta a psicóloga.
Caminhos para recuperar a presença
A boa notícia é que pequenas mudanças podem ajudar a sair desse ciclo e recuperar a atenção plena no cotidiano. "Não é necessário uma transformação radical, mas sim introduzir atitudes que tragam consciência e conexão ao presente", diz Sara. Ela recomenda cinco práticas simples para fortalecer vínculos e estar mais presente:
- Desligar o celular por 30 minutos em momentos importantes, como durante refeições ou conversas.
- Praticar escuta ativa, ouvindo de verdade antes de pensar na resposta.
- Criar rituais de conexão, como abraços, mensagens de bom dia ou alguns minutos de conversa olho no olho.
- Valorizar o outro, agradecendo e elogiando de forma sincera.
- Respirar antes de reagir, evitando respostas impulsivas em situações de estresse.
Para Sara, a soma dessas práticas ajuda não apenas no equilíbrio individual, mas também no fortalecimento coletivo. "Quando cultivamos presença, melhoramos nossa saúde mental e também criamos relações mais saudáveis. Estar consciente e disponível emocionalmente é um ato de cuidado com o outro e um antídoto contra a solidão dos tempos modernos", conclui a psicóloga da AmorSaúde.
Fatores sociais podem impactar a saúde mental
A saúde mental está cada vez mais no centro do debate público, principalmente diante de dados que revelam sua relação direta com fatores sociais e econômicos. Segundo as Nações Unidas, pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver transtornos como ansiedade e depressão. No Brasil, apenas 46% dos municípios possuem políticas ou programas voltados ao atendimento de pessoas com transtornos mentais, de acordo com a Série SmartLab de Trabalho Decente 2025.
Ciente deste cenário, a rede de clínicas médico-odontológicas AmorSaúde desenvolveu uma campanha nacional em apoio ao Setembro Amarelo. Durante todo o mês, a rede disponibilizará consultas de psicologia e psiquiatria por telemedicina com desconto, chegando a valores a partir de R$ 36,90 para filiados ao Cartão de TODOS e R$ 71,90 para atendimento particular.
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