Alimentação processada: especialistas fazem alerta sobre informações nutricionais

O ato de comer faz parte da rotina básica do ser humano, e como uma atividade comum do dia a dia pode acabar recebendo menos atenção do que merece. Isso pode acontecer especialmente com os rótulos nutricionais, que indicam se determinados alimentos processados são mais (ou menos) saudáveis. O Brasil passou por mudanças recentes nesta área, mas ainda há muitas dúvidas sobre a leitura correta dos rótulos.
Desde outubro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir rótulos com lupa frontal em produtos para indicar alto teor de açúcar, sódio, gorduras saturadas e adoçantes, além de letras pretas em fundo branco para facilitar a leitura. Apesar da medida, considerada um avanço, um estudo publicado em março deste ano na revista Saúde Global mostra que só 31% dos jovens de 18 a 29 anos leem os rótulos, embora 70% conheçam as novas mudanças.
“Pessoas que não têm o costume de ler o rótulo podem ter dificuldade para entender as suas informações, especialmente quando envolvem a compreensão de termos mais técnicos ou um pouco mais complexos na nutrição. Letras pequenas também podem atrapalhar e até mesmo informações confusas ou enganosas”, afirma a professora do curso técnico em Nutrição e Dietética do Centro de Ensino Técnico (Centec), Olímpia Marinho.

Passo a passo
Com a mudança promovida pela Anvisa, especialistas indicam iniciar a leitura pela informação em destaque na parte frontal do produto. Se houver alto teor de açúcar ou sódio, por exemplo, a lupa deve indicar essas informações. A informação pode ser decisiva para escolher ou não aquele item.
O passo seguinte é buscar a lista de ingredientes, que aparecem em ordem decrescente de quantidade. Se açúcar, gordura hidrogenada ou sódio estiverem entre os primeiros, é um sinal de alerta.
Por fim, profissionais também sugerem verificar a porção em que se baseia as informações no rótulo. Pelo novo padrão da Anvisa, deve ser de 100 gramas (g) ou 100 mililitros (ml), o que permite comparar melhor diferentes produtos para escolher o mais saudável. Uma porção diária alta em sódio, gorduras ou açúcar, por exemplo, deve ser evitada.

Ajuda profissional
Em alguns casos, a leitura comum dos rótulos pode não ser o suficiente para melhorar os hábitos alimentares. Isto pode acontecer especialmente com pessoas que precisam de dietas durante o tratamento de algum problema de saúde ou que buscam uma alimentação mais saudável para melhorar o condicionamento físico.
O também docente de Nutrição e Dietética no Centec, Fernando Paiva, afirma que nestes casos a indicação é procurar um profissional habilitado na área para que ofereça suporte na interpretação dos rótulos e para a elaboração de uma dieta específica.
“O nutricionista e o técnico de nutrição são profissionais habilitados para ajudar nessa interpretação. Podem auxiliar o paciente a fazer boas escolhas e esclarecer as principais dúvidas sobre calorias e aditivos, assim evitando escolhas que podem causar danos à saúde por meio da alimentação, como no caso de pessoas com doenças crônicas”, afirma.
Paiva diz que muitas vezes os rótulos nutricionais possuem termos muito técnicos, o que reforça a importância do auxílio de um profissional. Para ele, é um risco consumir alimentos sem qualquer informação a respeito dos ingredientes do produto. “A leitura dos rótulos é fundamental para fazer escolhas alimentares conscientes e saudáveis. Todas as informações são cruciais”, defende.