Comercialização de 8 toneladas de pirarucu marca a 21ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável de Tefé, no Amazonas
Evento com pirarucus de manejo comunitário foi promovido por comunidades indígenas do Médio Solimões
Realizada entre os dias 11 e 12 de outubro, no Mirante das Mangueiras, em Tefé (AM), a 21ª Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável atingiu a meta de vendas com a comercialização de mais de 150 peixes, alcançando um quantitativo de 8 toneladas. O evento movimentou a economia, o turismo e a cultura locais, fortalecendo a geração de renda e o protagonismo das comunidades indígenas e ribeirinhas que atuam com o manejo sustentável do pirarucu.
Com assessoria técnica do Instituto Mamirauá, a 21ª Feira do Pirarucu foi promovida pelo Acordo de Pesca Jurupari Grande, formado por moradores das comunidades indígenas Boca do Jurupari e Novo Tapiira, localizadas no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. A iniciativa reafirmou a importância do manejo participativo como uma das principais estratégias de conservação da biodiversidade amazônica.
Para Raimundo Nonato, presidente do Acordo de Pesca Jurupari Grande, participar do manejo do pirarucu e integrar a 21ª edição da Feira, representa mais do que uma oportunidade — é um avanço econômico para as duas comunidades envolvidas.
“Essa iniciativa traz benefícios para todo o grupo, formado por 25 famílias das duas comunidades. Com ela, adquirimos muito conhecimento e, claro, o retorno financeiro desse trabalho coletivo em parceria com as instituições”, explicou Raimundo Nonato.
O evento marcou mais uma edição de um trabalho que nasceu há mais de duas décadas em parceria entre o Instituto Mamirauá e as comunidades indígenas e ribeirinhas. O manejo do pirarucu, que completou 25 anos em 2024, tem beneficiado centenas de comunidades tradicionais em toda a bacia amazônica, unindo conhecimento científico e saberes locais para garantir o uso sustentável da espécie, que já esteve ameaçada pela pesca predatória.
“A Feira do Pirarucu de Manejo Sustentável, além de contribuir para a conservação da espécie, é também uma oportunidade de interação entre consumidores e produtores e, sobretudo, de fortalecimento das comunidades tradicionais. Conseguimos alcançar a 21ª edição, o que mostra o quanto a população tem aderido a essas iniciativas, contribuindo com a compra direta e reconhecendo o nosso trabalho de conservação, que é o manejo do pirarucu sustentável. É um momento de felicidade para nós e para as 60 pessoas indígenas do povo Kokama, das duas comunidades, ao vermos o sucesso que foi este ano”, explicou Ana Cláudia, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá.
Durante a feira, o público pôde adquirir pirarucus manejados de forma legal, com documentação emitida no momento da venda, garantindo o transporte regular do pescado para qualquer parte do país. Além dos peixes inteiros, também foram disponibilizados cortes e filés preparados pelos próprios manejadores, a preços acessíveis.
O primeiro consumidor da feira, Sr. Valdecir Oliveira, chegou às 4h da madrugada no primeiro dia do evento e destacou que comprar pirarucu de manejo já se tornou uma tradição em sua família. “Para mim, esse momento se tornou um dos mais esperados e culturais da cidade. Cheguei cedo para garantir uma carne mais fresca e também pude comprar para enviar aos meus familiares que moram em Manaus”, afirmou.
A Feira do Pirarucu de Tefé tem atraído também turistas e visitantes, como é o caso do venezuelano Asdrúbal Oropeza, que decidiu conhecer a cidade justamente no período do evento. Movido pela curiosidade em saber mais sobre o peixe e sobre Tefé, ele relatou: “Saí de Manaus para aproveitar a oportunidade de conhecer a cidade, fazer a compra e ver de perto essa espécie tão famosa na Amazônia. Para mim, é uma experiência única”.
Reforçando a valorização da produção regional, a 21ª edição também contou com o apoio da Prefeitura de Tefé, que promoveu a Feira da Agricultura Familiar, reunindo mais de 30 feirantes com produtos naturais, como frutas e verduras frescas, sementes, plantas, farinhas e artesanato.
Financiadores e apoiadores
A edição de 2025 integrou o Projeto Floresta+ Amazônia, uma iniciativa do PNUD e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com recursos do Fundo Verde para o Clima. O projeto é coordenado pelo Instituto Mamirauá e pela Federação dos Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá (FEMAPAM).
A feira contou ainda com o apoio da Prefeitura Municipal de Tefé — por meio das secretarias de Produção, Meio Ambiente, Turismo e Comunicação, além do IMTRANS e da Guarda Civil — e de diversas instituições parceiras, como o Governo do Estado do Amazonas, SEMA/DEMUC, Fundação Amazônia Sustentável (FAS), SEBRAE, IDAM, Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Colônia de Pescadores Z-4 e Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (ADAF).